A coesão textual na prova do vestibular

Neste artigo vamos ler mais uma vez um texto bem escrito como forma de juntar bagagem cultural que nos ajude na hora de escrever a dissertação no vestibular. A redação continua sendo uma prova muito importante na nota final e, em alguns casos, é critério de eliminação em concursos públicos.


Com vocês, os Pierres Roulantes! Não fosse uma briga de cabeças coroadas no século 13, Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts poderiam ter o nome de sua banda, Rolling Stones, grafado em francês. Isso mesmo: no idioma de Baudelaire e não na língua de Oscar Wilde. Há 700 anos. a Inglaterra perdeu para a França extensas pós-sessões no continente europeu. De birra, a corte fez do uso da língua inglesa uma reação patriótica contra a França. Até então, o inglês era coisa de camponeses,
Desdenhada pela literatura e imprestável para os registros do reino por ser considerada pouco elegante e carente de vocabulário para expressar ideias elevadas. Entre os nobres, o francês era o idioma oficial.
William Shakespeare seria um dos primeiros a redimir a língua materna ao escrever 37 peças teatrais com um vocabulário de mais de 30000 palavras. Mas o triunfo do inglês se daria mesmo a partir do século 19, enquanto a Inglaterra se consolidava como império colonial. A supremacia da Inglaterra é coisa do passado, mas o idioma de Shakespeare se firma como língua ubíqua e já é falado por cerca de 1,5 bilhão de pessoas.
As idas e vindas dos homens tiveram mesmo importante papel na evolução das línguas. Invasões, guerras e abertura de rotas de comércio foram situações propícias ao aprendizado de uma segunda ou terceira língua. O grego, o persa, o chinês e o latim são exemplos de línguas que reinaram na Antiguidade - bem como português, espanhol e francês,
no tempo da expansão marítima. Detalhe: por essa época, o latim ainda corria solto. Em latim eram as cartas escritas pelos reis Fernando e Isabel, da Espanha, e entregues a Cristóvão Colombo para eventuais encontros com soberanos de terras desconhecidas. Também na língua do Lácio, o coração do Império Romano, eram os livros do cientista inglês Isaac Newton, em pleno século 17. A predileção era comum entre eruditos que versassem sobre temas como filosofia e química e quisessem garantir a compreensão de suas ideias. Escrever na língua materna era condenar seu trabalho ao esquecimento. A primazia nas terras europeias fez com que o latim figurasse entre os idiomas que mais deram frutos. Dele derivam as línguas ditas românicas, ou seja, com raiz no latim. Português, italiano, romeno, espanhol, córsego e catalão são originários do latim.
A preponderância de uma língua por longos séculos e em extensas áreas contrasta com uma imensa variedade de dialetos de grupos diminutos. Entre os países que têm maior número de idiomas vivos estão Papua Nova Guiné (817), Indonésia (717) e Nigéria (470). A África é o continente com maior diversidade: por lá há 2035 línguas e dialetos. No Báltico, a pequena Lituânia abriga uma comunidade de 535 pessoas que falam o karaim. A tendência é de que o dialeto desapareça. As línguas têm um ciclo de vida com começo e fim. Preservá-las é respeitar a diversidade.
(AVENTURAS NA HISTÓRIA, novembro/2010. Adaptado)

1. Identifique duas frases que contenham mais de duas vírgulas e explique a função desse sinal de pontuação em cada caso.

2. Indique duas conjunções que poderiam substituir (sem alteração de sentido) o "mas" no seguinte período: "William Shakespeare seria um dos primeiros a redimir a língua materna ao escrever 37 peças
teatrais com um vocabulário de mais de 30 000 palavras. Mas o triunfo do inglês se daria mesmo a partir do século 19, enquanto a Inglaterra se consolidava como império colonial".

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